REVISTA CARAS | 5 DE OUT. DE 2007 (EDIÇÃO 726
- ANO 14)
O QUE É A
ARTETERAPIA E COMO ELA PODE MELHORAR A VIDA DAS PESSOAS
Embora antiga, foi
reconhecida como tratamento auxiliar da Medicina apenas no século XX. Consiste
no uso da escultura, pintura e outras formas de expressão para o autoconhecimento,
o controle de sintomas e o tratamento de problemas e doenças. A atividade
criativa e a relação que estabelece com ela e com o arteterapeuta é que
permitem à pessoa se conhecer melhor e evoluir.
A
arteterapia utiliza o desenho, a pintura, a escultura, a modelagem, o teatro, a
dança e outros recursos de expressão para o autoconhecimento, a suavização de
sintomas e o tratamento de problemas e doenças.
Enquanto em
outras formas de tratamento, como a Medicina, o paciente relata ao profissional
que o está atendendo o que o incomoda ou aflige, na arteterapia ele as expressa
por meio de uma ou mais atividades artísticas de sua preferência. O processo de
criação e a relação que estabelece com elas e com o arteterapeuta é que vão lhe
permitir se conhecer melhor e evoluir. A cada desenho ou modelagem, o conteúdo
da pessoa toma forma e ela sente que pode transformar suas aflições e suas
angústias em cor e movimento, em arte. Assim, suaviza e aprende a relativizar
padrões que antes aprisionavam, descobre que pode criar novas maneiras para
lidar com os problemas. A arteterapia é um tratamento auxiliar da Medicina,
como a fisioterapia e a acupuntura, entre outros. Seu uso é reconhecido pela
Asssociação Médica Brasileira e pela Associação Brasileira de Medicina e Arte
como terapia coadjuvante. O austríaco Sigmund Freud (1856-1939), criador
da Psicanálise, já apontava o papel da arte no processo terapêutico. Mas foi o
psiquiatra suíço Carl G. Jung (1875-1961) quem, no começo do século XX,
começou a usar a arte como recurso terapêutico com os próprios pacientes.
Também colaborou para o estabelecimento da arte na terapia o pediatra e
psicanalista inglês Donald Winnicott (1896-1971). Dois pioneiros no
Brasil, na primeira metade do século XX, foram o médico Osório César e a
psiquiatra Nise da Silveira(1906- 1999), que desenvolveram seu trabalho
em hospitais psiquiátricos. Hoje é usada em todo o mundo e ganha mais espaço
também aqui.
O tempo de
tratamento varia de acordo com a necessidade de cada um. Ocorre tanto
individualmente quanto em pequenos grupos. Pode ser usada por qualquer um que
queira se aperfeiçoar e rever problemas como baixa auto-estima, dificuldades de
relacionamento interpessoal, angústia, estresse e ansiedade. Pode aliviar
sintomas de doenças, como câncer e vitiligo, e promover mais qualidade de vida.
É usada também no tratamento de crianças e adolescentes hiperativos ou com
dificuldade de aprendizado. Além disso, é recomendada, entre outras situações,
na recuperação de quem sofreu traumatismos ortopédicos ou cerebrais. São
infinitas, portanto, as possibilidades oferecidas pela arteterapia.
Na América
do Norte e na Europa, grandes instituições já oferecem cursos de graduação e de
pós-graduação na área. As entidades brasileiras do setor de arteterapia lutam
para que um dia seja assim também no Brasil. Hoje, só quem já tem uma formação
superior básica, como psicólogo, psiquiatra, fisioterapeuta, pedagogo e professor
de arte, pode se especializar na atividade. Há cursos em diversas instituições
de ensino públicas e particulares. O tratamento, enfim, já está disponível
também na área pública de saúde, em clínicas, hospitais, creches e até em
sindicatos e outras entidades. Pessoas que desejem saber se em sua região
existem serviços de arteterapia podem consultar as associações existentes em
vários Estados ou a União Brasileira das Associações de Arteterapia (Ubaat),
que tem trabalhado para regulamentar a formação consistente de arteterapeutas e
seu reconhecimento como profissional da saúde e da educação. Informações nos
sites ubaat.com.br e aatesp.com.br, ou pelo telefone (021)
2719-9404.
Por: Cristina Dias Allessandrini